quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Novas experiências

Meus queridos, ando afastada do blog por motivos familiares. Caso que envolveu saúde e, infelizmente, resultou no falecimento de um ente muito querido. Como em muitos outras situações, consigo lidar melhor com as emoções quando escrevo. Por algum motivo, ainda, não considero o texto sobre essa experiência pronto para divulgá-lo. Enquanto isso trabalhei na obra abaixo com tema tanto mais leve para diverti-los um pouco.


O duro de ser turista

Como é o sistema de transporte coletivo no seu município? Ainda não sou bem familiarizada com o de Maringá (PR) e para aqueles que também desconhecem vai então uma breve explicação. Um terminal no centro é o fim da linha de todos os ônibus e espalhados pelas rotas têm vários pontos de parada. Para retornar a seu bairro você pode ir a este terminal e embarcar num veículo, ou entrar em qualquer um dos pontos, ir até o fim da linha e aguardar dentro da condução pelo horário de saída. Numa escaldante tarde de quinta-feira minha prima e eu, após perambular pela cidade, optamos pela segunda opção.

Outro fator interessante de saber: as linhas são distinguidas por números e nomes, mas usualmente as pessoas utilizam apenas os números para identifica-las. Portanto eu sabia que poderíamos pegar quatro circulares. 010 (Universidade), 324 (Conjunto Thais), 713 (Parque Hortência) e 722 (Conjunto Ney Braga). Num letreiro brilhante apareceu: Porto Seguro, 324. Às 17h30min subimos no coletivo. Não estranhei o título Porto Seguro, porque em minha cidade levamos em consideração os nomes e se há um outro geralmente é desvio na rota que o transporte faz. Fomos até o terminal, os passageiros saltaram e nós duas lá sentadas. Ainda comentei com minha prima de um 324 do outro lado do paradão e perguntei a diferença entre àquele e o que estávamos. Ela desconhecia o motivo, o veículo ligou e arrancamos. Perdi o interesse em saber do outro ônibus.


Em geral a circular leva de 20 a 30 minutos para chegarmos no ponto mais próximo de casa. Mesmo não conhecendo muito bem a cidade percebi que estávamos indo para um lado diferente, logo pensei no tal desvio (Porto Seguro). Passamos por casas bonitas e com decorações extravagantes – como um jardim da qual uma imensa árvore pendurava nos galhos gigantes enfeites (se posso chamar assim) de jornal velho. Percebi o nome das lojas, farmácias e até mercadinhos. Serro Azul. Foi quando intui estarmos no ônibus errado. Mas fiquei calada. Pense comigo, minha prima disse que estaríamos de volta antes das 19h, minha tia estuda à noite e deixa o bebê de 2 anos com a filha mais velha, que estava sentada ao meu lado. Não chegar antes do horário combinado começou a aterrorizá-la. Tentei levar tudo com descontração.

Você já viveu situações em que fez uma grande porcaria, se preocupou em como resolvê-las, mas depois de tudo riu muito? Eu tentava ver aquela vivência (ainda enquanto acontecia) por esse prisma. Mas minha prima roía as unhas, ficara muito quieta e averiguava a hora de minuto em minuto. 18h15 e ainda volteávamos vielas e ruas cada vez mais estranhas. Tive uma ocasião de pânico interno, por que tomava como possibilidade de ônibus o 724, mas isso também acontece por que confundo com as outras numerações que são da centena 700. Tinha certeza de ter lido “324, Porto Seguro”, mas não Conj. Thais. Meu receio aumentou ao nos depararmos com uma rodovia prestes a sair do município. Se não sabia como me achar em Maringá quem dera em qualquer outra cidade próxima? Mas no último momento, o veículo fez uma curva à direita e pude ver a placa: “Conjunto Porto Seguro”.

Vasculhamos todos os pontos do bairro e rumamos de volta para o terminal. Minha prima quis ligar para a mãe e explicar o porquê não conseguiríamos chegar a tempo. Inconformada de estar na numeração errada utilizei de um truque que aprendi assistindo White Collar. Toda vez que o ônibus parava em frente a uma loja ou edifício com vidraças grandes ficava acompanhando o reflexo do letreiro luminoso na lateral. Até que certifiquei. 324, Porto Seguro, 324, Conj. Thais.

A condução estacionou no fim da linha às 18h50. Alguns passageiros desembarcaram. Desta vez estávamos do outro lado do terminal (lembram aquele que perguntei a prima?). Antes de descermos – e de perder o passe pago à catraca eletrônica – perguntei ao motorista se a circular iria ao Conjunto Thais. Ele me olhou tentando conter o riso e respondeu: “Agora vai”. Sem graça voltei a meu lugar e esperei o horário de saída. Claro que o condutor notara o passeio que fizemos. Em dois momentos minha prima e eu éramos as únicas pessoas no transporte.

No fim das contas estávamos na circular certa, mas que ia para o lado errado. A parada de lados opostos do paradão é que identifica para qual Conjunto ela segue (P. Seguro ou Thais). Pode?! Meia hora depois saltamos e fugimos do mico (King Kong) de ser turista numa cidade nova. Ah! Lembram sobre a circunstância embaraçosa que mais tarde é uma lembrança cômica? Para meus primos e tios foi a alegria do fim de semana. Algumas semanas depois ainda surgem piadas sobre o acontecido.